SAGRADA FAMÍLIA - ANO B
Eclo 3,2-6.12-14; Sl 127 (128); Col
3,12-21; Ev Mt 2,13-15.19-23
A liturgia
deste domingo propõe-nos a família de Jesus, como exemplo e modelo das nossas
comunidades familiares… As leituras fornecem indicações práticas para nos
ajudar a construir famílias felizes, que sejam espaços de encontro, de
partilha, de fraternidade, de amor verdadeiro.
O Evangelho
apresenta uma catequese sobre Jesus e a missão que o Pai lhe confiou; mas,
sobretudo, propõe-nos o quadro de uma família exemplar – a família de Nazaré.
Nesse quadro há duas coordenadas que são postas em relevo: trata-se de uma
família onde existe verdadeiro amor e verdadeira solidariedade entre os seus
membros; e trata-se de uma família que escuta Deus e que segue, com absoluta
confiança, os caminhos por Ele propostos.
A segunda
leitura sublinha a dimensão do amor que deve brotar dos gestos dos que vivem
“em Cristo” e aceitaram ser Homem Novo. Esse amor deve atingir, de forma muito
especial, todos os que conosco partilham o espaço familiar e deve traduzir-se
em determinadas atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha,
de serviço.
A primeira
leitura apresenta, de forma muito prática, algumas atitudes que os filhos devem
ter para com os pais… É uma forma de concretizar esse amor de que fala a
segunda leitura.
1ª Leitura – Eclo 3,2-6.12-14
O Livro de
Ben Sira (também chamado “Eclesiástico”) é um livro de caráter sapiencial que,
como todos os livros sapienciais, tem por objetivo deixar aos candidatos a
“sábios” um conjunto de indicações práticas sobre a arte de bem viver e de ser
feliz. O seu autor é um tal Jesus Ben Sira, um “sábio” israelita que viveu na
primeira metade do séc. II a.C.…
A época de
Jesus Ben Sira é uma época conturbada, para o Povo de Deus. Os selêucidas
dominavam a Palestina e procuravam impor aos judeus, com agressividade, a
cultura helênica. Muitos judeus, seduzidos pelo brilho da cultura grega,
abandonavam os valores tradicionais e a fé dos pais e assumiam comportamentos
mais consentâneos com a “modernidade”. A identidade cultural e religiosa do
Povo de Deus corria, assim, sérios riscos… Neste contexto, Jesus Ben Sira – um
“sábio” tradicional – escreve para preservar as raízes do seu Povo. No seu
livro, apresenta uma síntese da religião tradicional e da “sabedoria” de Israel
e procura demonstrar que é no respeito pela sua fé, pelos seus valores, pela
sua identidade que os judeus podem descobrir o caminho seguro para a
felicidade.
2ª
Leitura – Col 3,12-21
A Igreja de
Colossos, destinatária desta carta, foi fundada por Epafras, um amigo de Paulo,
pelos anos 56/57. Tanto quanto sabemos, Paulo nunca visitou a comunidade…
Hoje, não é claro para todos que Paulo tenha escrito esta carta (o vocabulário utilizado e o estilo do autor estão longe das cartas indiscutivelmente paulinas; também a teologia apresenta elementos novos, nunca usados nas outras cartas atribuídas a Paulo); por isso, é um tanto ou quanto difícil definirmos o ambiente em que este texto apareceu…
Para os defensores da autoria paulina, contudo, a carta foi escrita quando Paulo estava prisioneiro, possivelmente em Roma (anos 61/63). Epafras teria visitado o apóstolo na prisão e deixado notícias alarmantes: os colossenses corriam o risco de se afastar da verdade do Evangelho, por causa das doutrinas ensinadas por certos doutores de Colossos. Essas doutrinas misturavam práticas legalistas (o que parece indicar tendências judaizantes) com especulações acerca do culto dos anjos e do seu papel na salvação; exigiam um ascetismo rígido e o cumprimento de certos ritos de iniciação, destinados a comunicar aos crentes um conhecimento mais adequado dos mistérios ocultos e levá-los, através dos vários graus de iniciação, à vivência de uma vida religiosa mais autêntica.
Sem refutar essas doutrinas de modo direto, o autor da carta afirma a absoluta suficiência de Cristo e assinala o seu lugar proeminente na criação e na redenção dos homens.
O texto que nos é hoje proposto pertence à segunda parte da carta. Depois de constatar a supremacia de Cristo na criação e na redenção (1ª parte), o autor avisa os colossenses de que a união com Cristo traz consequências a nível de vivência prática (2ª parte): implica a renúncia ao “homem velho” do egoísmo e do pecado e o “revestir-se do Homem Novo”.
Hoje, não é claro para todos que Paulo tenha escrito esta carta (o vocabulário utilizado e o estilo do autor estão longe das cartas indiscutivelmente paulinas; também a teologia apresenta elementos novos, nunca usados nas outras cartas atribuídas a Paulo); por isso, é um tanto ou quanto difícil definirmos o ambiente em que este texto apareceu…
Para os defensores da autoria paulina, contudo, a carta foi escrita quando Paulo estava prisioneiro, possivelmente em Roma (anos 61/63). Epafras teria visitado o apóstolo na prisão e deixado notícias alarmantes: os colossenses corriam o risco de se afastar da verdade do Evangelho, por causa das doutrinas ensinadas por certos doutores de Colossos. Essas doutrinas misturavam práticas legalistas (o que parece indicar tendências judaizantes) com especulações acerca do culto dos anjos e do seu papel na salvação; exigiam um ascetismo rígido e o cumprimento de certos ritos de iniciação, destinados a comunicar aos crentes um conhecimento mais adequado dos mistérios ocultos e levá-los, através dos vários graus de iniciação, à vivência de uma vida religiosa mais autêntica.
Sem refutar essas doutrinas de modo direto, o autor da carta afirma a absoluta suficiência de Cristo e assinala o seu lugar proeminente na criação e na redenção dos homens.
O texto que nos é hoje proposto pertence à segunda parte da carta. Depois de constatar a supremacia de Cristo na criação e na redenção (1ª parte), o autor avisa os colossenses de que a união com Cristo traz consequências a nível de vivência prática (2ª parte): implica a renúncia ao “homem velho” do egoísmo e do pecado e o “revestir-se do Homem Novo”.
ALELUIA – Col 3,15a.16ª
Aleluia.
Aleluia.
Reine em vossos corações a paz de
Cristo, habite em vós a sua palavra.
EVANGELHO – Mt 2,13-15.19-23
O interesse
fundamental dos primeiros cristãos não se centrou na infância de Jesus, mas na
sua mensagem e proposta; por isso, conservaram especialmente as recordações
sobre a vida pública e a paixão do Senhor.
Só num
estádio posterior houve certa curiosidade acerca dos primeiros anos da vida de
Jesus. Coligiram-se, então, algumas escassas informações históricas sobre a
infância de Jesus e amassou-se esse material com reflexões e com a catequese
que a comunidade fazia acerca de Jesus. O chamado “Evangelho da Infância” (de
que faz parte o texto que nos é hoje proposto) assenta nessa base; parte de
algumas indicações históricas e desenvolve uma reflexão teológica para explicar
quem é Jesus. Nesta secção do Evangelho (cf. Mt 1-2), Mateus está muito mais
interessado em dizer quem é Jesus, do que em fazer uma reportagem histórica
sobre a sua infância.
Para compor
o “Evangelho da Infância”, Mateus serviu-se de motivos e recursos literários
que se utilizavam na literatura judia e helenística para contar a infância de
heróis: misteriosos relatos de anunciação, ameaças contra a sua vida,
intervenção de Deus, sinais extraordinários. Mateus serviu-se, ainda, de um
recurso muito utilizado pelos escritores judaicos – o “midrash haggádico” (que
consistia em comentar um texto da Escritura através de um pequeno relato). A
diferença entre Mateus e os escritores judaicos é que, enquanto estes partiam
de um texto da Escritura, o evangelista parte da figura de Jesus.
O nosso
texto não deve, portanto, ser visto como uma informação histórica, mas como uma
construção artificiosa, destinada a responder à questão: “quem é Jesus?”.
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