SOLENIDADE EPFANIA DO SENHOR
Is 60,1-6; Sl 71 (72); Ef 3,2-3a.5-6; Ev –
Mt 2,1-12
A liturgia
deste domingo celebra a manifestação de Jesus a todos os homens… Ele é uma
“luz” que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra.
Cumprindo o projeto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa “luz”
encarnou na nossa história, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao
encontro da salvação, da vida definitiva.
A primeira
leitura anuncia a chegada da luz salvadora de Jahwéh, que transfigurará
Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.
No Evangelho,
vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os “magos” do
oriente, representantes de todos os povos da terra… Atentos aos sinais da
chegada do Messias procuram-n’O com esperança até O encontrar, reconhecem n’Ele
a “salvação de Deus” e aceitam-n’O como “o Senhor”. A salvação rejeitada pelos
habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece a todos os
homens, sem exceção.
A segunda
leitura apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir
toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a
comunidade de Jesus.
1ª Leitura Is 60,1-6
• Como pano de fundo deste texto
(e da liturgia deste dia) está à afirmação da eterna preocupação de Deus com a
vida e a felicidade desses homens e mulheres a quem Ele criou. Sejam quais
forem às voltas que a história dá, Deus está lá, vivo e presente, acompanhando
a caminhada do seu Povo e oferecendo-lhe a vida definitiva. Esta “fidelidade”
de Deus aquece-nos o coração e renova-nos a esperança… Caminhamos pela vida de
cabeça levantada, confiando no amor infinito de Deus e na sua vontade de salvar
e libertar o homem.
• É preciso, sem dúvida, ligar a
chegada da “luz” salvadora de Deus a Jerusalém (anunciada pelo profeta) com o
nascimento de Jesus. O projeto de libertação a que Jesus veio apresentar aos
homens será a luz que vence as trevas do pecado e da opressão e que dá ao mundo
um rosto mais brilhante de vida e de esperança. Reconhecemos em Jesus a “luz”
libertadora de Deus? Estamos dispostos a aceitar que essa “luz” nos liberte das
trevas do egoísmo, do orgulho e do pecado? Será que, através de nós, essa “luz”
atinge o mundo e o coração dos nossos irmãos e transforma tudo numa nova
realidade?
• Na
catequese cristã dos primeiros tempos, esta Jerusalém nova, que já “não
necessita de sol nem de lua para a iluminar, porque é iluminada pela glória de
Deus”, é a Igreja – a comunidade dos que aderiram a Jesus e acolheram a luz salvadora
que Ele veio trazer (cf. Ap 21,10-14.23-25). Será que nas nossas comunidades
cristãs e religiosas brilha a luz libertadora de Jesus? Elas são, pelo seu
brilho, uma luz que atrai os homens? As nossas desavenças e conflitos, a nossa
falta de amor e de partilha, os nossos ciúmes e rivalidades, não contribuirão
para embaciar o brilho dessa luz de Deus que devíamos refletir?
• Será que na nossa Igreja há espaço para todos os que buscam a luz libertadora de Deus? Os irmãos que têm a vida destroçada ou que não se comportam de acordo com as regras da Igreja, são acolhidos, respeitados e amados? As diferenças próprias da diversidade de culturas são vistas como uma riqueza que importa preservar, ou são rejeitadas porque ameaçam a uniformidade?
• Será que na nossa Igreja há espaço para todos os que buscam a luz libertadora de Deus? Os irmãos que têm a vida destroçada ou que não se comportam de acordo com as regras da Igreja, são acolhidos, respeitados e amados? As diferenças próprias da diversidade de culturas são vistas como uma riqueza que importa preservar, ou são rejeitadas porque ameaçam a uniformidade?
Sl 71 (72)
2ª Leitura Ef 3,2-3a.5-6
• A
perspectiva de que Deus tem um projeto de salvação para oferecer ao seu Povo –
já enunciada na primeira leitura – tem aqui novos desenvolvimentos. A primeira
novidade é que Cristo é a revelação e a realização plena desse projeto. A
segunda novidade é que esse projeto não se destina apenas “a Jerusalém” (ao
mundo judaico), mas é para ser oferecido a todos os povos, sem exceção.
• A Igreja,
“corpo de Cristo”, é a comunidade daqueles que acolheram “o mistério”. Nela,
brancos e negros, pobres e ricos, ucranianos ou moldavos – beneficiários todos
da ação salvadora e libertadora de Deus – têm lugar em igualdade de
circunstâncias. Temos, verdadeiramente, consciência de que é nesta comunidade
de crentes que se revela hoje no mundo o projeto salvador que Deus tem para
oferecer a todos os homens? Na vida das nossas comunidades transparece,
realmente, o amor de Deus? As nossas comunidades são verdadeiras comunidades
fraternas, onde todos se amam sem distinção de raça, de cor ou de estatuto social?
• Destinatários, todos, do
mistério, somos “filhos de Deus” e irmãos uns dos outros. Essa fraternidade
implica o amor sem limites, a partilha, a solidariedade… Sentimo-nos solidários
com todos os irmãos que partilham conosco esta vasta casa que é o mundo?
Sentimo-nos responsáveis pela sorte de todos os nossos irmãos, mesmo aqueles
que estão separados de nós pela geografia, pela diversidade de culturas e de
raças?
ALELUIA – Mt 2,2
Aleluia. Aleluia.
Vimos a sua estrela no Oriente e viemos
adorar o Senhor.
EVANGELHO – Mt 2,1-12
• Em primeiro
lugar, meditemos nas atitudes das várias personagens que Mateus nos apresenta
em confronto com Jesus: os “magos”, Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os
escribas do povo… Diante de Jesus, o libertador enviado por Deus, estes
distintos personagens assumem atitudes diversas, que vão desde a adoração (os
“magos”), até a rejeição total (Herodes), passando pela indiferença (os
sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao encontro desse
Messias que eles conheciam bem dos textos sagrados). Identificamo-nos com algum
destes grupos? Não é fácil “conhecer as Escrituras”, como profissionais da
religião e, depois, deixar que as propostas e os valores de Jesus nos passem ao
lado?
• Os “magos”
são apresentados como os “homens dos sinais”, que sabem ver na “estrela” o
sinal da chegada da libertação… Somos pessoas atentas aos “sinais” – isto é,
somos capazes de ler os acontecimentos da nossa história e da nossa vida à luz
de Deus? Procuramos perceber nos “sinais” que aparecem no nosso caminho à
vontade de Deus?
• Impressiona também, no relato de Mateus, a “desinstalação” dos “magos”: viram a “estrela”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, à nossa televisão, à nossa aparelhagem, ao nosso computador? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz através dos irmãos?
• Impressiona também, no relato de Mateus, a “desinstalação” dos “magos”: viram a “estrela”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, à nossa televisão, à nossa aparelhagem, ao nosso computador? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz através dos irmãos?
• Os “magos” representam os
homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta
libertadora que Ele traz e que se prostram diante d’Ele. É a imagem da Igreja –
essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que
aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor.