IV DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO - ANO A
O EMANUEL, DEUS CONOSCO
Através da pregação e
da liturgia a Igreja continua a repetir ao homem que a verdadeira e definitiva
salvação é um dom que o próprio Deus nos traz vindo a nós. O ponto central da
liturgia deste domingo é a revelação desse segredo, desse mistério escondido
durante séculos: a manifestação do plano salvífico quer Deus preparou e realizou
Poe amor dos homens. Esse desígnio de salvação tem uma história e tem sinais
reveladores.
O profeta anuncia um sinal que só
pode ser reconhecido e acolhido na pobreza e humildade da fé. Fala do
nascimento miraculoso do Emanuel, filho da virgem, sinal concedido por Deus ao
pequeno “resto” dos féis que, pela fé nele, apesar dos esforços dos inimigos,
serão libertados (1ª leitura). Esse será o novo povo constituído da ordem da fé
e não em virtude de privilégios nacionalistas ou de casta.
Filho
de Davi, Filho de Deus
A
história da salvação tem seu plano de desenvolvimento. Concebido na mente de
Deus antes do inicio dos tempos, prenunciado a Adão e Eva após a queda, foi
iniciado com a escolha de um homem (Abraão) e de um povo (o povo eleito);
quando chegou a plenitude dos tempos foi realizado pela vinda de Cristo, o
filho da Davi. Dizer que Cristo é filho de Davi quer dizer reconhecer sua
pertença a Israel; lembrar da realidade marcada pela derrota, como foi a
história da salvação tem agora o seu “Messias” capaz de ampliar essa história,
incluindo as nações (2ª Leitura). Crer, hoje, no filho de Davi, constituído
Filho de Deus, significa aceitar que á história não e estranha á construção da
Igreja; é ela a linguagem que Deus quis usar para continuar-se com os homens;
ele se serve dos acontecimentos do homem, mesmo quando parecem instrumentos
indóceis, como Davi e seus sucessores, para realização do seu plano. Significa
ainda crer que a missão do cristão tem uma face profundamente humana, não é
desencarnada; é tecida de cultura e de história, precisamente porque Deus
desceu para se encontrar com o homem em sua carne, nesta terra.
Um
Deus que pede
Nesse grande plano, a liturgia de hoje
recorda a profecia de Isaías: a realização dessa promessa em seus primeiros
passos, que depois da obediência de José, verão o “sim” de Maria e a encarnação
do Filho de Deus (evangelho). Trata-se de um plano de bondade no qual a
iniciativa é sempre de Deus.
- É o Filho de Deus
que vem (não um homem qualquer).
- Vem de uma virgem, sem
o concurso de um homem.
- É ele que quer
estar conosco: Deus conosco.
O plano de Deus se
encontra com a vontade e a colaboração humana: José e Maria. Maria é filha e a
flor de toda humanidade, o vértice de toda atitude religiosa; José é o homem
“justo”, não daquela justiça legal que quer ficar ao lado da lei repudiando a
noiva, nem da justiça que o impede de se aproximar dos méritos de uma ação de
Deus na vida e na vocação de seu Filho.
Um anjo intervém para dizer-lhe que
Deus tem necessidade dele: é verdade que a concepção é obra do Espírito Santo,
mas, José deve contribuir para que o menino entre na descendência de Davi.
Um
Deus de homens
O sinal do Emanuel tem sua perfeita realização em Jesus
Cristo,
“sacramentado do
encontro entre Deus e o homem”, cuja presença na eucaristia e nas ações
litúrgicas é o novo “sinal”, oferecido aos que aceitam ter plena confiança em
Deus Pai. A salvação do homem não depende, exclusivamente, de sua iniciativa
soberana de Deus: o homem não deve esperá-la passivamente; Deus não salva o
homem sem sua cooperação. Deus respeita o homem como respeitou a liberdade de
Maria e José, mas seu dom é sempre total.
Em Jesus é a
onipotência divina que assume os sofrimentos de um mundo que evolui e de homens
pecadores; é a onipotência divina que, em Jesus, cura os enfermos e ultrapassa
os limites da nossa morte. O cristão, embora encontrado na criação o mistério
da força do amor, com qual Deus se deixou envolver tão intimamente pelas nossas
situações, assumir toda a fraqueza que nos aflige, tornando se frágil como uma
criança destinada a morrer.