SOLENIDADE IMACULADA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA
Na Inglaterra e na
Normandia já se celebrava no século XI uma festa da conceição de Maria;
comemorava-se o acontecimento em si, apoiando-se sobretudo em sua condição
miraculosa. Além desse aspecto, santo Anselmo realçou a verdadeira grandeza do
mistério que se realiza a concepção de Maria: sua preservação do pecado. Em
1439, o concílio de Basiléia considerou este mistério como uma verdade de fé, e
Pio IX proclamou-o dogma em 1854.
Deus quis que Maria
para salvação da humanidade, porque quis que o Salvador fosse “filho do homem”;
por isto, é aplicada a Maria em sentido pleno a sentença divina ao tentador:
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e a sua; ele te
esmagará a cabeça”. E é ela reconhecida como a “nova Eva, mãe de todos os
vivos” (1ª leitura).
Assim aparece Maria
ao lado de Cristo, o novo Adão, e por isso se nos apresenta como figura da
mulher ao lado do homem na salvação da humanidade. Lembra e exalta o lugar e o
papel da virgem, da esposa, da mãe, da viúva, na sociedade, na Igreja e no
mundo; reivindica a dignidade da mulher contra tudo o que atenta contra ela.
A escolha de Deus
fez de cada ser humano que nasce, para ser inserido no Cristo, e para ter nele
o seu lugar no mundo e na Igreja, é lembrada pela por Paulo na 2ª leitura.
Somos todos queridos e amados por Deus, cada um tem seu inconfundível lugar na
humanidade, cada um deve aí operar de maneira santa, sem mancha, na caridade.
Maria está, certamente, no ápice dessa correspondência como mostra o evangelho.
A cena da
anunciação a Maria (evangelho) é a pagina da cooperação de Maria na obra da
salvação. O Concílio acentuou fortemente, como faziam os antigos Padres da
Igreja, que Maria trouxe á obra de Cristo não uma inerte passividade, mas
operosa atividade. O seu “sim” foi mantido e acentuado em toda vida até o
Calvário, onde oferece Cristo que se oferecia por nossa salvação. Maria ensina
aos homens de hoje que entrar no mistério de Cristo, querer operar a salvação,
é pôr-se a “serviço”. Escolhida para mãe, se declara-se “serva”.
Em sua vida
progrediu no caminho da fé, da dedicação, da obediência, do amor, da esperança.
O mundo está cansado de palavras, de gestos ruidosos, dos que se colocam sempre
no primeiro lugar. Maria nos ensina que fazer é mais importante do que falar;
ensina-nos a preferir a obra humilde, mas tenaz e cheia de amor, pôr-se a
serviço mesmo quando se é chamado a funções importantes. Maria é modelo de fé
adulta, esclarecida, conciente, comvicta, responsável, que repercute na vida. É
modelo de virtudes maduras, crescidas num exercício contínuo de entrega aos
outros, de ininterrupta abertura ao amor. Finalmente. Sua vida de Imaculada
atingiu o fulgor de seu amor por Deus e pelos homens.
Um sinal de que o mal foi vencido
Ao lado do
verdadeiro Adão foi criada a verdadeira Eva: Maria é parte do mistério de
Cristo. Onde havia abundado pó pecado, a graça superabundou. A Imaculada é o
“sinal” de que, com a ressurreição de Cristo, o mal já esta vencido “de inicio”
se uma criatura pôde ser cheia de graça desde o primeiro instante de sua
existência.
A escritura,
repetindo o triste refrão: “E fez o que é mal aos olhos do Senhor, imitando os
seus pais, quer dar exemplo do implacável contágio do pecado, que o livro do
Gênesis exemplifica mais plasticamente, buscando a origem do mal. Maria
Santíssima, subtraída do pecado “original” é também a garantia de que, no
mundo, o bem é mais forte e mais contagioso que o mal, Com ela, a primeira
redimida, tem início uma história de graça “contagiosa’.
Um sinal dos tempos novos
O tema da Imaculada
é central no Advento, que se prepara para reviver o “mistério da Redenção” em
acontecimento nos quais a graça irrompe superabundantemente. A Encarnação do
Verbo, a exultação do Precursor no seio materno, o “Magnificat”, o “Glória” dos
anjos, a alegria dos pastores, a luz dos magos, a consolação de Simeão e Ana, a
teofania no Jordão antecipam os sinais dos tempos novos. A liturgia torna presente
no meio da nossa assembléia a força preservou a Virgem do pecado; de fato,
celebra, na eucaristia, o mesmo mistério da redenção, cujos benefícios Maria
foi a primeira a gozar e do qual nós participamos, segundo nossa fraqueza e
nossas forças.
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