Leituras: Ezequiel
47,1-2.8-9.12; Salmo 45; 1Coríntios 33,9c-11.16-17. João 2,13-22.
DEDICAÇÃO
DA BASÍLICA SÃO JOÃO DE LATRÃO
Nos primeiros séculos do
cristianismo não havia igrejas para as celebrações. Os cristãos se reuniam
pelas casas chamadas domus ecclesiae, isto é, casas da comunidade. Papa,
bispos, sacerdotes e celebrações eram simples e diferentes. No ano 313 o
imperador Constantino permitiu a religião cristã no império romano. Então se
construíram as basílicas para as reuniões do povo e as celebrações. A primeira
basílica foi a de S. João de Latrão. O nome Latrão vem de Laterani, nome da
família que tinha casa naquele local. Sua casa foi destruída por Nero no ano
60. Ali foi construindo um palácio em 161. Constantino o deu ao Papa
Melquíades. A dedicação da Basílica foi presidida pelo Papa Silvestre I no ano
324, dedicada ao Divino Salvador, mais tarde a S. João Batista. Celebrar a
dedicação – consagração de uma Igreja, mais que celebrar a lembranças de uma
data de um prédio, é celebrar o nascimento de uma comunidade. Esta basílica é
chamada de mãe de todas as igrejas da terra. É a primeira igreja a ser
construída. Entramos numa fase nova do cristianismo que passa a ter
templos. Modifica-se muito o estilo de Igreja e perde-se bastante do
ensinamento: “adorar a Deus em Espírito e Verdade”. Mas, mesmo com os belos
templos de tijolo ou os pobrezinhos de adobe e capim que usei nas aldeias da
Angola, o fundamental não pode ser perdido: adorar em espírito e verdade (Jo
3,24).
Purificando
o templo
A cena de Jesus
purificando o templo é assustadora. Até os humildes foram tocados, mas
com menos força. Ele amava o templo, coração da fé do povo. Tinha zelo pela
casa do Pai, com diz a Escritura: “O zelo por tua casa me consumirá” (Sl
69,10). O povo era explorado no templo que se transformou em uma casa de
comércio onde se vendiam os animais para os sacrifícios e trocavam as moedas
pela moeda do templo. Esta era pura para ser usada mas também explorada. Jesus
faz uma profecia sobre o templo que vai ser destruído e Ele, Messias de Deus,
será o novo templo. Nele encontramos Deus. Na Ressurreição Jesus toma o lugar
deixando fora todas as outras mediações para o encontro com Deus. As
comunidades, simbolizadas pelas igrejas, têm que ser sempre purificadas de
todos os males que prejudicam o povo e o relacionamento com Deus. O culto deve
ser de doação, de disponibilidade e de serviço humilde, como é o Corpo de
Cristo Ressuscitado.
Nascente
das águas
A leitura de Ezequiel nos mostra a água que
nasce do templo e aumenta purificando, dando fertilidade e vida. Representa a
presença do Senhor no meio do povo. Jesus é a água viva. De seu peito aberto
pela lança sai a água e o sangue. Mata nossa sede de Deus e nos alimenta com
seu sangue que é vida. A celebração da benção e dedicação da primeira igreja da
cristandade leva-nos a fazer memória de nossas comunidades e das pessoas que
foram nossos pais na fé. Anima-nos a purificar nossas comunidades e celebrações
de tudo o que é impuro, como a falta de amor, a ganância de dinheiro e poder e
a exploração do povo. Elas devem ser sinal da Ressurreição. É tempo de
purificação.
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