terça-feira, 1 de julho de 2014

14º DOMINGO DO TEMPO COMUM - A



AMOR AOS POBRES, HUMILDES E PEQUENOS


Zc 9,9-10 – Sl 144 – Rm 8,9.11-13 – Ev Mt 11,25-30


As leituras de hoje são um conjunto de paradoxos. O rei messiânico, cujo “domínio se estenderá de mar a mar” (1ª leitura), se manifesta manso e indefeso, montando um jumentinho e não um fogoso cavalo de guerra. Sua “epifania” não é a fulgurante e triunfal do rei guerreiro e vitorioso, que arrasta após si colunas de prisioneiros, como presa de guerra, É rei de paz, que destrói os símbolos e instrumentos de guerra. Sua pessoa e seu programa evocam mais a figura do Servo de Javé que, como lemos em Is 42,1-4, se apresenta como modelo dos “pobres de Javé”.

É o paradoxo de rei humilde, embora dominador do mundo. Lembra inevitavelmente Jesus, que no dia de ramos faz ingresso triunfal em Jerusalém, como rei pacífico montando um manso jumento.

Igualmente paradoxais são as afirmações do evangelho. Parece ouvir-se o eco do sermão da montanha. Lá, o gênero literário era das vem-aventuranças; aqui, é o da bênção de graças ao Pai. Lá, os pobres, os humildes e os perseguidos são chamados bem-aventurados, porque deles é o Reino dos céus; aqui, são ainda os humildes, os ignorantes e os oprimidos, a quem Deus revela os segredos do seu reino.

A lei do Reino

Em realidade, nós o sabemos, Deus se revela a todos, mas os sábios tornam muitas vezes ineficaz e vã a revelação de Deus. Os inteligentes e os sábios são aqui, os mestres religiosos do tempo: os escribas, os fariseus, conhecedores da lei e hábeis manipuladores das tradições. Possuindo o conhecimento da Lei, tornam-se opressores e sobrecarregam os ombros dos pobres e dos ignorantes “de pesos insuportáveis, os quais vós mesmos não tocais nem com um dedo!”. Jesus, ao contrário, chama a si os que estão fatigados e oprimidos, e o jugo que lhes impõe é suave e leve. Seu jugo, porém, não é leve por ser ele menos exigente, como de sua moralidade fosse permissiva e licenciosa, mas porque ele, com sua solidariedade e participação concreta, o torna leve. Ele é o primeiro dos pobres, dos simples, dos mansos. Carrega, na frente á cruz sobre seu ombros; é sua proximidade que torna suportável e leve a cruz de que o segue. A lei do Reino de Deus é a lei do mais pequenino, do mais pobre. Deus escolhe os humildes, os simples, os ignorantes. É a lei do grão de mostarda, dos inícios humildes e ocultos...Paulo o faz notar aos coríntios, enfermos da sabedoria do mundo. “Considerai, de fato, o vosso chamado, irmãos: não entre vós muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos. Me muitos nobres. Deus escolheu o que é tolo, no mundo, para confundir os sábios; Deus escolheu o que é fraco, no mundo, para confundir os fortes, Deus escolheu o que é ignóbil e desprezado e o que nada é, para reduzir a nada as coisas que são, a fim de que ninguém possa gloriar-se diante de Deus”.

Obstáculo ao Reino

É preciso não confundir a pobreza coma situação descrita por Jesus no evangelho, como se pobres e os oprimidos fossem automaticamente sinônimos de filhos do Reino. Certamente Jesus que dizer que a riqueza, a sabedoria, a grandeza, “segundo a avaliação terrena”, podem constituir graves obstáculos ao Reino de Deus, no sentido de que dão segurança, confiança nas próprias forças, autonomia, isto é, aquelas atitudes, e que dão origem á sua recusa do reino. Certamente Jesus quis ainda afirmar que os pobres, os últimos estão em condições ideais para acolher sua mensagem de libertação, mas têm também necessidade, para vivê-la, de passar pelo processo de libertação pascal.

Disponibilidade para a esperança

A capacidade de acolher a mensagem evangélica está ligada a certa liberdade que provém do não possuir, mas o não possuir não gera espontaneamente uma consciência evangélica. Os pobres têm as condições para viver o evangelho, porque estão disponíveis à esperança, mas não o vivem se não tomarem consciência, através de opções sempre renovadas, de quem o homem é filho de Deus, não quando possui mais, mas quando é solidário com os outros homens e considera a vida como uma edificação, na esperança.

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