2° DOMINGO DA QUARESMA - ANO A - 2014
Gênesis 12,1-4 – 2 Timóteo 1,8b-10 – Mateus 17,1-9
Gênesis 12,1-4 – 2 Timóteo 1,8b-10 – Mateus 17,1-9
A figura de Abraão questiona as
comunidades isoladas e comodistas, que preferem apostar na segurança de suas
conquistas, em vez de arriscar na novidade de Deus, ou deixar que a Palavra de
Deus as coloque a caminho do encontro de outras comunidades necessitadas de
ajuda evangelizadora.
A carta a Timóteo diz que
não é fácil ser testemunha de Deus e do seu projeto. O mundo de hoje tende a
ignorar os apelos de Deus ou até manifesta desprezo pelos valores do Evangelho
e por aqueles que o pregam. No entanto, as dificuldades não podem ser uma
desculpa para nos demitirmos das nossas responsabilidades e de levarmos a sério
a vocação a que Deus nos chama para a missão.
Já o Evangelho situa novamente
Jesus sobre um monte (montanha). As bem-aventuranças são pronunciadas sobre um
monte. Pães são multiplicados sobre um monte. Na Bíblia, montanha ou monte
sempre é o lugar do encontro com o Sagrado. Para que nós também sejamos
transfigurados – nos tornemos novas criaturas – precisamos ir ao encontro de
Deus, que acontece na participação litúrgica, na leitura diária da Bíblia e na
prática do amor e da caridade. A partir destes encontros escutamos Jesus –
ordem do Pai – e somente assim poderemos obedecê-Lo.. A mudança do rosto e as
vestes de brancura resplandecente recordam o resplendor de Moisés, ao descer do
Sinai (cf. Ex 34,29), depois de se encontrar com Deus e de ter as tábuas da Lei
– mandamentos que devemos obedecer. A nuvem, por sua vez, indica a presença de
Deus: era na nuvem que Deus manifestava a sua presença, quando conduzia o seu
Povo através do deserto (cf. Ex 40,35; Nm 9,18.22; 10,34).
Os três discípulos, testemunhas
da transfiguração, parecem não ter muita vontade de “descer à terra” e
enfrentar o mundo e os problemas dos homens. Representam todos aqueles que
vivem de olhos postos no céu, alienados da realidade concreta do mundo, sem
vontade de intervir para o renovar e transformar. No entanto, ser seguidor de
Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar aos homens – mesmo contra
a corrente – que a realização autêntica está no dom da vida; obriga ater os pés
sujos de lama – como diz o Papa Francisco -, nos problemas e dramas do mundo
atual, a fim de dar o nosso contributo para o aparecimento de um mundo mais
justo e mais feliz. A religião não é uma prática que anestesia a pessoa
das dores do dia a dia, mas um compromisso com Deus, que se faz
compromisso de amor para uma prática geradora da justiça e da paz,
principalmente para os que sofrem.
Sai da tua Terra, é o convite de
Deus a Abraão. Não tenhas medo de evangelizar, é o convite de Paulo a Timóteo.
Subam comigo e desçam comigo, é o convite de Jesus a todos nós, para que
saiamos do pequeno mundo dos nossos interesses pessoais e nos coloquemos a
caminho do encontro com Deus e do encontro com o próximo.
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